
Empatia é o que faz com que nos identifiquemos e nos coloquemos no lugar do outro. Considero um bom sentimento, mas também pode travar o fotógrafo no momento do clique.
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Foi o que quase aconteceu comigo quando deparei com uma turma de policiais militares chorando ao serem obrigadas a sair para trabalhar no desfile de 7 de Setembro, no auge do parcelamento dos salários por parte do governo estadual. Os comandantes pressionavam de um lado, a família trancava a rua de outro. As lágrimas foram inevitáveis.Eu era a única fotógrafa no local, com tudo para uma boa foto. E, mesmo assim, por um instante, hesitei. Coloquei-me no lugar de cada uma delas e pensei como poderia ser constrangedor mostrá-las em um momento de extrema sensibilidade.
Porém, essa é uma daquelas horas em que o sinônimo de compaixão é mostrar a realidade, por mais triste ou revoltante que ela seja. Para um jornalista, é um compromisso moral e ético relatar uma história como essa. Para mim, além do compromisso, um alento pensar que, ao expor a realidade, eu poderia contribuir para que a situação não se repetisse ou que para alguma providência fosse tomada.
Mostrar realidades, contar histórias e transformar vidas é o que nos move. É o que nos faz trabalhar em enchentes, subir em árvores pela melhor foto, fazer mil perguntas e desejar um mundo melhor.
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